quinta-feira, 26 de novembro de 2015

SUPREMA DEPENDÊNCIA PSÍQUICA.
A Mente Dominada Pelo Vício
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I PARTE. FASE: DROGAS
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CASAMENTO DE ESPANHOL


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Na esquina conheci a novidade,
Ia cantando feliz até chegar em casa,
Gostei do sabor do amargo na boca.
E nos dias seguintes,
Nos anos que foram correndo,
Saia em tempo nublado vendo a lua sorrindo pra mim.
Em dias de chuva um lindo sol,
Que é casamento de espanhol.
Quis ver realidade em sonhos utópicos.
Que loucura! Que engano!
Que perigosas foram ás viagens,
Passei muito perto do meu fim.
E frente às muralhas que se ergueram berrei:
Abre-te Sésamo! Abra-te Sésamo!
E foi ai que vi que não era Ali Babá,
Que tudo que fiz foi encher a mente de fantasias
Como se estivesse num eterno carnaval.
E depois desse muito tempo que passou depressa,
Quarta feira de cinzas chegou,
Veio para matar a saudade,
Acumulada, violenta, depressiva.
Depressinha a solidão do quarto trancado e escuro,
Sem som maluco.
Apenas um choro profundo,
Com dó de um futuro bonito,
Que a droga jogou no lixo.
Bom dia São Paulo.
A ESTÚPIDA CONSEQUÊNCIA
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 As batidas do meu coração
Tomavam conta do meu corpo inteiro,
Ecoavam pela minha alma,
Era o medo percorrendo todo o meu ser.
Sentia a testa molhada pelo suor,
Meus braços paralisados,
Minhas pernas trêmulas.
Nem arriscava a me mexer,
A sair do lugar.
Fiquei entre o guarda roupa e a parede, espremido,
Esperando e rezando para não ser achado, apanhado,
Preso, assassinado, esquartejado.
Qualquer barulho que meus ouvidos
No limite sensível da audição escutavam,
Meus olhos reviravam-se de tal maneira,
Que faltavam subir para dentro da testa.
Eram duas pequenas luas apavoradas
No meio da escuridão do quarto,
Eu não estava aguentando mais.
E quando parecia que eu iria ser encontrado,
E quando parecia que eu iria ter um infarto,
Tudo foi cessando, fui melhorando,
Criei coragem e acendi a luz.
E nas pontas dos pés
Como um bailarino
Olhei todos os cômodos da casa.
E como não havia mesmo ninguém, retornei,
Fui direto na direção do criado mudo.
Era ali que estava a policia,
Era ali que estava meu assassino,
Meu esquartejador.
Era ali que estava à razão de todo o meu temor,
De todo o meu suor, paralisia e tremedeira.
Um saco, sim apenas um saco,
Um saco, um prato e um pó branco.
E por incrível que pareça continuei,
Dei sequência,
Voltei a sentir a paranóia,
A estúpida consequência
Da minha convivência absurda e abusiva com a droga.
Um dia ainda numa dessa meu amigo,
“Eu acabo batendo as bota”
MEU VIVER RACIONAL
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 Meus amigos minha erva meu violão minhas canções.
Tem às vezes gente que grita lá do fundo,
Isso não significa naaaada!
Então fumo e penso e me pergunto,
Por que eles são assim?
Que medo eu e nós representamos para vocês?
Velhos! Velhos!
Oh! Não, não, como é boa essa coisa!
Vem, venham a mim todos,
Porque o assim nos quis aqui assim,
Com esses vermelhos olhos,
Com essas caras,
Com esse sorriso bacana nos lábios.
Como é bom chegar e se sentir junto,
Presente, ativo,
E sonhar em nunca mais sair da função,
Da esquina da roda da droga.
Porque a droga é uma fuga mesmo,
Uma fuga insana.
É, é gostosa e muito insana!
Aháháháháháhá, mas e daí?
É melhor que o meu lar normal!
Meu viver racional!
Onde tudo é regra!
Tudo é lodo! Tudo é nojo! Tudo é falsa CPI.
O homem morre no seu leito esplêndido,
No ar que ele próprio constrói,
Constrói com sangue.
Com sangue?!
Mamãe! Mamãe!
Quero voltar para o seu útero quente, quente?!
De onde foi que veio essa mulher,
Jovem, bela e ardente,
Que no meio da noite
Mama o meio leite?
Sei não, sei não.
Talvez no meio de uma puta euforia.
Talvez no meio de uma puta solidão.
E com uma das minhas mãos fumo um cigarro,
Com a outra acaricio os seus lindos cabelos loiros,
Retribuindo como posso esse momento
De rara felicidade e emoção
Que consigo ter quando me encontro são.
O que não é o caso nessa ocasião.
DECLÍNIO NA SATISFAÇÃO NATURAL
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Surpresa no meio do meu caminho,
Profunda depressão sem motivo,
Cérebro em nervoso explícito,
Coração bate aflito, corre perigo,
Insatisfação em qualquer lugar que vou e fico,
Nos braços da mulher desejada,
Ou na cantina de um amigo.
O que será isso?
A falta da vitamina que brinco
Nos fins de semana me deixando bacana,
Com a língua louca na boca
E uma idéia sempre pronta?
Ou apenas uma besteira mental
Que irá passar assim que chegar o carnaval?
Não sei, só sei que estou sentindo
Um enorme declínio na satisfação natural,
Um sentimento de grande tristeza,
Uma angustia dentro da cabeça.
De noite na cama, quase dormindo,
Sinto meu espírito querendo sair do corpo,
Pressionando-me, avisando-me
Que no meio desse inferno ele não viverá mais!
Que está precisando
Passear pelos campos,
Ir a céus e mares purificar-se.
Deixar sem dó, ali, o corpo cadente,
Deitado, morto eternamente.
E voltar depois de encontros inesquecíveis
Com amigos de séculos atrás,
Guardiões e anjos celestiais.
Pra dentro de um pequeno corpo novo,
Que está lúcido e pronto,
Longe daquele outro,
Que desequilibrado e cansado,
Pirado e chapado, morreu ouvindo música
Na cama quente do seu quarto gelado.
Gelado e abandonado dentro da casa vazia.
Vazia e sombria.
SUPREMA DEPENDÊNCIA PSÍQUICA
SEGUNDA PARTE: FASE: ESPIRITUAL
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EVOLUÇÃO ESPIRITUAL
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Na mente de repente o auge do nada,
A confusão vem e no cérebro se instala.
É a vida impondo uma nova etapa,
Cursando um novo rumo,
Cumprindo sua nobre caminhada.
É o além cobrando pendengas passadas.
E o choro vem em forma de cascata,
Os olhos cegam a cabeça gira,
O corpo amolece e a alma se cala.
Tem que se resignar,
Tem que se levantar,
Tem que se rezar.
O bem pode ser o grande remédio,
A caridade um grande passo,
Para melhorar,
Consertar o estrago feito.
Não vemos, mas estão de olho,
Nada passa despercebido.
O oculto é sofisticado,
Nunca o subestime,
É inteligência pura,
É a bondade e a justiça
Caminhando juntas.
É apenas uma vida,
Mas só o lado terrestre dela
É possível se apreciar,
A outra só quando a morte chegar.
É a limpeza constante,
A evolução espiritual do planeta,
E dos seres humanos que nele habitam.
A CERTEZA DENTRO DO QUARTO
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Cismado deito,
O astral dentro do quarto
Não é dos melhores.
Se fosse possível dormiria
Com um olho aberto outro fechado.
A cada dez segundos abro os olhos,
Até que pego no sono.
Mas ele é interrompido bruscamente,
Sinto uma energia fria, decidida,
Se chocar contra o meu corpo,
Meu espírito.
Abro os olhos e me vejo lutando com ela,
Só que eu não enxergo nada,
Estou de barriga para cima,
Segura os meus punhos,
Quero falar, xingar,
Mas não consigo.
Fico aflito,
Tento fazer movimento com meu pescoço
Totalmente endurecido.
Toda força com meus braços,
Até que consigo me soltar.
Sento na cama irritado e digo:
Toda noite agora!      
O que é que você quer de mim?
Se eu lhe fiz algum mal no passado
Me desculpe!
Hoje em dia tenho certeza
Que não faria de novo.
Ai, rezo, um Pai Nosso e uma Ave Maria.
Preocupado deito,
O astral dentro do quarto está indefinido,
Não sei se ele me ouviu,
Se está presente ou se partiu.
Coloco um travesseiro em cima da cabeça
Só deixando um vão para poder olhar.
Nessa noite ele não me incomodou mais,
Mas sem dúvida nenhuma
Eu sei que ele voltará,
Me trazendo a angústia,
O nervosismo, o pessimismo,
Os arrepios pelo corpo, a falta de energia,
A tristeza na mente ao amanhecer.
E a maravilhosa certeza
De que existe vida após a morte,
Que compensa todo esse receio,
Todo esse medo que eu tenho de
Adormecer.
SABEDORIA EXTRAORDINÁRIA!
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 Deus!
Como o Senhor é maravilhooso!
A gente morre,
A carne fica,
E o espírito sobe?!
Vai direto colher os frutos que ele
Plantou aqui na terra?!
Nossa Senhora!
Já havia escutado isso,
Mas eu também
Já havia escutado tanta coisa,
Não sabia em qual acreditar.
E é essa a realidade,
Que felicidade!
Como o Senhor é sofisticado!
Que coisa mais engenhosa!
Que sabedoria extraordinária!
Quando me vi em espírito no ar
Não sabia nem o que pensar,
Justo eu que tive sempre
Esse sonho de voar,
Estava ali,
No quarto, solto,
Livre, fora do corpo,
Como um passarinho longe da gaiola,
Perdido, mas feliz.
HÁ GENTE ME OLHANDO
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Às vezes estou em casa e vejo
As coisas em outros lugares,
A televisão, o sofá, os móveis.
E tenho a impressão de que
Há gente me olhando.
Quadros aparecem do nada distribuídos em várias paredes,
E a forte sensação de que eu conheço muito essa gente retratada.
Que já estiveram aqui presentes,
Que essa gente são meus parentes,
De reencarnações misturadas
De varias épocas passadas.
É uma forte emoção,
É uma boa sensação,
Não vejo o mal,
Vejo o bem me espiando,
Meus antepassados unidos,
Me ajudando, me alertando
Para os males que estou causando
A mim mesmo.
Vida desregrada,
Vícios infinitos
Que me acompanham desde moleque.
Mas que agora o corpo a mente
Já estão dando sinal de alerta.
Vou ter que parar com tudo,
Se não minha família vai viver um luto,
Porque com certeza a passos largos,
Estou indo a caminho do outro mundo.
SUPREMA DEPENDÊNCIA PSÍQUICA
TERCEIRA PARTE: FASE: ATUAL
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PRENÚNCIO DE UMA GRANDE TRAGÉDIA
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 Era começo de tarde
Quando o dia começou a anoitecer,
Nuvens negras e cinza
Invadiram o céu de São Paulo,
Trazendo apreensão, medo.
O vento balançava placas, fios, árvores,
Os jornais voavam, as latas rolavam
Fazendo um barulho sinistro.
Todos tinham a impressão
De já terem assistido ao filme,
Era o famoso prenúncio de uma grande tragédia,
De um grande dilúvio.
Começou a pingar.
O povo correu para casa,
Invadiu bares, lojas e supermercados,
Os mendigos e os cães voaram para os viadutos.
E quando todos aflitos,
Paralisados por trovões,
Relâmpagos, raios,
Pedindo perdão pelos pecados
Já esperavam pelo juízo final,
As nuvens foram andando,
Os pingos foram parando,
O vento foi cansando.
E antes que aquela tarde,
Daquele dia,
Anoitecesse por completo,
O sol surgiu inteiro,
Forte, vigoroso,
E como um milagre
Nasceu de novo para todo o povo,
A tarde inteira.
É era o Senhor de bom humor,
Fazendo apenas uma brincadeira.
AMO VIVER COM VOCÊ
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A cada noite que passamos juntos,
Mais forte fica em mim a vontade
De permanecer colado em você.
Bem no intimo assumo
Que estou lhe desejando sempre mais e mais,
Com uma impotência sadia
Quando me acaricia.
O suor que sai dos seus poros
Como se fosse tóxico me vicia.
Dentro do seu corpo o calor da sua carne
Mastiga os meus pesadelos,
Humilha as minhas magoas,
Arranca do fundo da minha alma
Um delicioso e profundo suspiro,
Um interminável orgasmo.
Que talvez venha de uma acumulada
Luta vivida, entre o querer, o sonhar,
E o pouco ter,
Amo viver com você.
A UM PASSO DA TRAIÇÃO
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Eu sou a maça, sou o pecado,
A tentação pura,
A fantasia viva.
Aquela que lhe acompanha
Desde a hora que você se levanta.
Mesmo mal amada,
Mesmo mal tratada,
Acha injustiça traí-lo.
Mas quem pode explicar,
Quem pode conter esse fogo,
Esse desejo louco?
Sabemos que vai acontecer,
Sabemos que à noite
Quando ele deita sobre você
Fazendo aquele amor velho e ultrapassado,
Você fecha os olhos
E subitamente em sua mente
Eu apareço.
OS DOIS LADOS DA VIDA
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É ás vezes é fogo, um medo percorre o corpo,
Sensação estranha,
Mas um sentimento que não é de difícil compreensão.
Estar vivo é estar em perigo,
É estar perto de um feio destino.
Perto da morte!
Perto da lógica!
Sair de casa, andar a pé de carro de trem de ônibus,
Ás vezes parece uma armadilha,
Um jogo fatal,
Uma partida final,
Um grande pesadelo.
No céu azul estoura um trovão,
Em meio a nuvens brancas de algodão,
Um relâmpago semitransparente,
Um raio artístico.
No chão caminha a multidão,
Um formigueiro desorganizado,
Uma manada desenfreada.
No Viaduto do Chá na Rua Direita,
As pessoas passam raspando umas nas outras.
Olhar rápido, paulistano é obstinado,
Seu futuro é mais pro alto.
É ás vezes é fogo,
Ás vezes arde o amor por dentro do corpo,
Sensações gostosas, medrosas,
Felicidade quase idiota,
De difícil compreensão.
É, estar vivo, é estar abençoado,
É estar perto de um abraço,
Perto de uma paixão!
Perto da lógica!
Ás vezes parece um lindo destino.
Um milagre, um sonho real,
Poder sair de casa,
Andar a pé de carro de trem de ônibus.
No céu azul estoura um trovão,
Em meio á nuvens brancas de algodão,
Um relâmpago semitransparente,
Um raio artístico.
Um efeito especial genial de Deus
Pra chamar a atenção para os mistérios,
Os assuntos lá do céu.
Olhares pensativos e admirados voltam-se resignados.
Raciocina nossa gente,
Nossa gente tem muita fé,
Nossa gente é gente fraterna,
Nossa gente é a melhor gente da terra.
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